From Comment section in https://www.moonofalabama.org/2024/03/deterrence-by-savagery.html#more

The savagery is a losing card. By playing it the US and the West are undercutting every ideological, normative and institutional modality of legitimacy and influence. It is a sign that they couldn't even win militarily, as Hamas, Ansarallah and Hezbollah have won by surviving and waging strategies of denial and guerilla warfare. Israeli objectives have not been realized, and the US looks more isolated and extreme than ever. It won't be forgotten and there are now alternatives.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 10

[do livro de poemas «Exercícios Espirituais», 1985, Ed. MIC (Estoril)]

TROPOS

  

Garganta mal traqueada, não corrijas
O fonema antes de saborear
A maçã em glote mosqueada
De crismas sob forma de coriscos

Salvos aqueles estão, que romperam
O dique medievo das arcadas
Capitulares

Por isso, ó coleante apócope
Podes sofismar a jusante das brutas
Conjunções

Por isso, ó cândidas metonímias
Podeis varrer os sintagmas catalépticos

Por isso, enfim, ó tropos sereníssimos,
Podeis investir em versículo plano
As quartas dominantes sem falha de sístole.







terça-feira, 30 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITIUAIS - 9

[*Poema de «Exercícios Espirituais», 1985, Ed. MIC (Estoril)]


IMPROVISADO




Rubores clamam nas faces
Deste adolescente
Logo tornado adulto,
Infelizmente,
Que os pavores
Juvenis, as mais das vezes,
Valem mais que os dissabores
Que mais tarde se sente!





segunda-feira, 29 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 8

[*poema de «Exercícios Espirituais», 1985, Ed. MIC (Estoril)]

HAIKKU






Mirífica declinação
Subtil hecatombe
Desritmia a compasso
Arcano evidente




domingo, 28 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 7

[*poema extraído do livro Exercícios Espirituais, 1985, Ed. MIC (Estoril)]


ESCREVENDO SOBRE O RIO

Vou escrevendo sobre o rio
Estas palavras
Entre murmúrios indolentes
Logo apagadas
Pela força da corrente…

Dizei-me: Que resta
De tudo isso, afinal?
- Resta a memória difusa
De eras varridas pelo sopro
Descido das montanhas…
Eco de cavalgadas viris…

- Calem-se vozes arrotando retórica
Sobre os cadáveres dos pássaros
Regelados na neve!
- Calem-se vozes gemendo ladainhas
Sobre os espaços estelares
Chovendo pérolas entre nuvens!

Calem-se! E deixem-me ouvir
A vibrante epopeia
Que as vagas atiram às rochas
Rolando, rompendo num rugido

Rouco, raivoso de espuma!



sábado, 27 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 6

[*poema extraído do livro «Exercícios Espirituais», 1985, Ed. MIC (Estoril)]


ADVERTÊNCIA A UM DESCONHECIDO





As harpas da noite
Estão inscritas
No sangue
Dos vampiros.


sexta-feira, 26 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 5

[*Poema do livro «Exercícios Espirituais», 1985, Ed. MIC (Estoril)]


A MENINA SONHA



Moscardos felizes dormem
Sob a axila da menina
De olhos de azeviche


Enquanto sonha com a aranha
Esta vai tecendo um véu
De pérolas de orvalho
Entre as circun-
                     voluções  do cérebro


A sua respiração soergue-lhe
O peito como fole
Atiça a chama na lareira



Seus dedos, livres, acariciam panteras.


quinta-feira, 25 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 4

[* poesia extraída do livro «Exercícios Espirituais», 1985, Ed. MIC (Estoril)]

PIERROT EM  NOVA-IORQUE

  



Fulgores de néon jogam à cabra-cega
Em versão electrónica nas janelas de Time Square
Orgia de 50 000 KWH
Na tua íris noctívaga deslumbrada…

Nos para-raios dos arranha-céus
Poderás colher poeira lunar
E com nove letras FL(u)ORESCENTES
Sobre ardósia reticulada

Escrever o nome de COLOMBINA…


quarta-feira, 24 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 3

[* poema extraído do livro Exercícios Espirituais, 1985, Edições MIC (Estoril)]



A SOMBRA DE POLICHINELO

  


Fora de todas as paisagens
Resta a paisagem do olhar
Enquanto vagueias pelo quarto
Dilacerado
E a sombra te acompanha
Rindo do teu ar louco
Indiferente a sentimentos
Cínica e titubeante
Analogia do seu dono.




terça-feira, 23 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 2

[* poema extraído do livro Exercícios Espirituais, 1985, Edições MIC (Estoril)]


AS HORAS DE ARLEQUIM


Desenlacei o olhar
Da página branca
Da aurora multicolor…
Debrucei-me sobre o raio
De luz que sai de uma telha
Partida, colocada neste lugar
Não se sabe por quem, nem para quê…
Afaguei o pelo quente do meu gato
Dizendo segredos em voz alta
Mas que ninguém pode perceber
Pois partilham a sua nudez
Com os muros leprosos
Batidos pelo sol e os ventos…
Repovoei a mesa de carvões,
De sementes, de tampas de canetas,
De espátulas misteriosas, de conchas,
De cachimbos, de caixas sonoras,
E fui mordiscar uma maçã
Frente às gelosias, com poeira d’oiro
Nas pestanas…
Embati de novo contra a lâmpada
Vermelha das noites estonteadas
Pelo zumbido dos insectos…
Decifrei - a custo – uma inscrição
Gótica nos veios da madeira
Da cómoda, mas sem saber ao certo,
Se a deva tomar como um testemunho
Da progressão do caruncho,
Ou se apenas, como mais uma maliciosa
Partida do meu punhal malaio…
Finquei os dedos no dossel
Do cadeirão, apertando-o
Até ele sussurrar o nome
De São Cristóvão
Isto a propósito do debate
Metafísico
Entre os ramos das árvores
E os pardais, evidentemente…
Sorvi uns decilitros de chá verde
Com a convicção própria de quem
Mergulha num poço onde
Se reflecte o luar…

E deixei-me cair no divã
Exausto por mais esta galopada
Imóvel pelos descampados
Das alcatifas,
Por estes telhados loucos
Como teclados de órgãos
Tangidos por algum frade
Possesso do demónio…






segunda-feira, 22 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 1



[* Poema extraído do volume publicado em 1985 pelas Edições MIC (Estoril)]

A Sabedoria da Aranha*



Os que se movem sobre arames tensos
Em praças inundadas de povo
Ao rufar dos tambores locazes;
Os que praticam o ritual´
Do fogo nas crateras dos vulcões;
Os que sabem extrair profecias
Das pirâmides de algarismos;
Os que cruzam os mares
Boreais em veleiros de madre-pérola;
Os que se vestem de vento e de espuma
Nas dunas incertas da memória;
Os que se despedem todas as manhãs
Da claridade diurna, mergulhando
Nos labirintos de quartzo e feldspato;
Os que escutam imóveis as harmonias
Das esferas;
Os que recobrem suas faces com
As máscaras articuladas dos espíritos
Da selva;
Os que se transmutam dentro dos cadinhos
De porcelana dos corpos virginais;
Os que imitam o piar das aves nocturnas
Para desorientar os caçadores;
Os que devolvem as sementes à terra
Com gestos de sacerdotes;
Os que domesticam a sua própria
Sombra nas paredes anémicas dos asilos;
Os que tocam sempre o mesmo realejo
Debaixo das mesmas árvores, das mesmas
Ruas, dos mesmos bairros, das mesmas
Cidades;
Os que inventam festins e palácios e
Jardins e bailes sumptuosos sentados à mesa
De uma taberna sombria;
Os que lavam a roupa na água
Turbulenta dos riachos da serra;
Os que sopram as candeias depois
De todos se terem recolhido a seus quartos;
Os que moem o trigo;
Os que amassam o pão;
Os que o cozem em fornos de lenha;
Os que o movem sem um prévio ritual
De gestos rápidos, olhares furtivos e lábios mecânicos;
Os que desenham um sorriso
Quando se cruzam com namorados
Num jardim;
Os que não contabilizam as boas acções
Numa agenda ensebada;
Os que assobiam canções enquanto esperam
pelo eléctrico;
Os que tomam «actínia» pelo nome
De uma flor exótica;
Os que sonham de olhos abertos;
Os que roubam frutos nos pomares;
Os que riem com os olhos;
Esses,
Esses compreendem que quero dizer
Quando afirmo
Que…
«A poesia deve ser feita por todos.
Não por um» (Lautréamont)





domingo, 21 de maio de 2017

CRÍTICA DA MEDIA DE MASSAS - ANÁLISE DE «VALEURS ACTUELLES»


Embora centrado nesta revista com difusão (quase) só em França, tem interesse pois os processos são aplicados pela imprensa equivalente em todos os países.



quinta-feira, 18 de maio de 2017

BENNY GOODMAN E O SWING DOS ANOS TRINTA


 (clicar nas legendas para explicações sobre estas canções)

                                          

                                                Smoke Gets in your eyes



                                                          KING PORTER STOMP 


                                                      THIS FOOLISH THINGS



                                                 

                                                             St. Louis Blues



                                      Why Don't You Do Right

quarta-feira, 17 de maio de 2017

EPIGENÉTICA - O NOVO PARADIGMA

Pergunto-me algumas vezes por que motivo alguém precisa de uma narrativa que a «desculpabilize» pelos seus fracassos pessoais. Já deve ter acontecido consigo que alguém lhe venha alegar traumas de infância ou relacionamentos infelizes na vida adulta, para «justificar» as suas falhas, a sua incapacidade em enfrentar as dificuldades da vida. 
De facto, muitas pessoas gostam de ser «assistidas», como se se tratasse de pessoas padecendo de doença, que precisavam de cuidados de saúde.  
Poucas pessoas assumem a sua própria «governança» e se auto-programam no sentido de serem aquilo que querem ser. 

Deparei-me com um vídeo, que coloca muitas perguntas, além de que vai buscar elementos de compreensão a um ramo da ciência biológica que eu tenho particularmente acompanhado, ao nível de artigos de divulgação. Como biólogo, tive o privilégio de trabalhar em estágio num laboratório dedicado, nos anos 80 do século passado, à expressão dos genes. Hoje em dia, os trabalhos dessa época seriam classificados como «epigenética». Simplesmente, o vocábulo não tinha ainda sido inventado ou não lhe era dado o significado que é dado hoje.

Acredito que existe algo de muito fundamental no «apoderamento» (empowerment) que faz com que o nosso Eu sub-consciente se encarregue de muitos dos comportamentos, visíveis ou não. A atitude interior, por oposição ao «teatro social» é aquilo que impulsiona as pessoas, não pela decisão do seu Eu racional, mas impulsionadas por várias forças. 

O Dr. Lipton tem razão - com certeza - ao apontar os programas comportamentais que estão «engramados» no nosso cérebro, que foram adquiridos entre os 0 e 7 anos. É um reportório de base, que todas as crianças adquirem num estado de recetividade extraordinária, semelhante à hipnose. Os muito pequeninos fazem por instinto, aprendem por instinto, tudo neles é instinto... são «bolinhas de afecto». 
Por isso, não me custa aceitar que estejamos todos programados socialmente, a um nível profundo, pela vivência na tenra infância. Também concordo com o entrevistado em relação ao papel dos genes como «plantas do edifício» (blue prints) ou seja, algo que contém as informações para construir edifícios ou pequenas máquinas maravilhosas (as proteínas) as quais serão ativas, a vários níveis, nas células e no corpo. 
Mas os genes não são ativos ou inativos: aqui reside o cerne da viragem de um paradigma para outro, ou seja... o sistema é que «decide» transformar essa potencialidade, o gene, em algo que irá ter expressão no corpo. Assim, nós já não estamos sujeitos à fatalidade do gene, o gene que «determina» uma doença ou uma característica não é - por si só - determinante de coisa nenhuma. 

Isto era sabido, evidentemente, desde o início da genética, nas primeiras décadas do século XX (como descrevo no livro «Génese e Genes»). Porém, a formulação «popular» acabou por tomar conta da forma de pensar dos médicos e cientistas e estes acabaram por raciocinar - e portanto também por agir - «como se» fossem os genes os protagonistas.

A possibilidade de um indivíduo moldar muito do seu ambiente próximo, aproveitando-o bem ou menos bem, traz como consequência que somos largamente responsáveis pela nossa saúde, pelo nosso estado, por tudo o que nos acontece. 
A predisposição para uma determinada afeção pode existir pelo hábito, pela atitude relativa ao complexo de variáveis ambientais que nos influenciam ou não. 
Por exemplo, se tivermos um comportamento responsável em relação ao nosso corpo, comendo comida saudável, equilibrada, fazendo exercício físico adequado à nossa pessoa e às circunstâncias em que nos encontramos... a probabilidade de cairmos doentes, mesmo de doenças transmitidas por agentes biológicos (vírus e bactérias...) diminui enormemente, em relação à média da sociedade. 
Isto deve-se ao facto de que - na sua grande maioria - os comportamentos dominantes e com interferência no estado de saúde geral são largamente negativos, irracionais, pulsionais... 

Também acredito que uma mudança de paradigma tenha implicações no modo como nos relacionamos socialmente; um grande empenho coletivo em realizar determinado objetivo, por estranho que pareça, é mais importante que a justeza teórica, racional, do mesmo. 
Infelizmente, quem nos manipula usa isso para o pior. Os demagogos servem-se das multidões, do desejo inconsciente de homens e mulheres, em serem tratadas como crianças e conduzidas a «acreditar» em algo, com toda a força, assim como as crianças o fazem em relação aos seus pais. 
Note-se que - na criança - isto é lógico e biológico: ela não tem dúvidas de que os seus progenitores querem o seu bem, o que - em geral - é o caso. Por isso, faz todo o sentido para a sua própria defesa, para a sua sobrevivência. 
Todas as pessoas têm um lado de criança, todas têm nostalgia de quando eram cuidadas pela mãe e se alimentavam tanto do seu amor, como do leite materno.

As proibições e os medos no indivíduo adulto são oriundos dum «superego» que lhes é incutido desde pequeno, com programas comportamentais altamente supressores da criatividade, da liberdade e da autonomia individual. 
Mas o que é importante para a sociedade em geral é justamente a capacidade dos indivíduos acrescentarem algo de original, de serem criativos. 
Para que prevaleça realmente este objetivo na educação, a sociedade deverá ser mais baseada na entre-ajuda e na fraternidade, como uma grande família (uma visão comunista autêntica, que nada tem que ver com o bolchevismo). 
No entanto, ela tem os seus gérmenes agora, pois as crianças são propensas a comportamentos de partilha e de entreajuda, de compaixão, de empatia, também em relação a animais, não apenas aos seus colegas... 
O que se chama agora de educação não é mais do que um amestrar, que coloca vendas nos olhos das crianças e adolescentes, fazendo deles dóceis e condicionáveis, para serem «bons» trabalhadores nesta sociedade em que 99% tem de obedecer a um ou vários patrões... 
Dentro desta sociedade, a criatividade não interessa; apenas a submissão é premiada, apontada como modelo: a reprodução de ideias erradas, mas que servem os propósitos das «elites», são constantemente papagueadas, nas escolas e nos media. 

Neste contexto, sair da «matrix» pode custar esforço e coragem, pois implica um risco real. No mínimo, implica uma certa solidão ou isolamento, devido à incompreensão no meio circundante... e nós sabemos que precisamos uns dos outros, que não podemos viver, senão em sociedade.

A possibilidade de vivermos de acordo com os nossos sonhos profundos existe, no entanto.
Todas as coisas que queremos realmente, nas nossas vidas acabam por realizar-se, mas não do modo como fantasiámos que iriam acontecer. 
Eu verifico isso aos 62 anos, na minha vida pessoal: tudo o que desejei profundamente realizou-se; tudo o que eu próprio sou agora, teve sua génese na minha própria existência, numa vivência que foi largamente influenciada pelo meio em que mergulhei, em várias circunstâncias e pela minha resposta, em cada caso, a esses desafios. 
Por outras palavras, construí-me a mim próprio. Isto não tem nada de extraordinário; é realmente comum a todos. 

Ao fim e ao cabo, o fator principal é a nossa intenção deliberada, aquilo que é nosso profundo desejo de realização. Este é um fator muito mais potente do que imaginamos. 
A determinação dos genes é muito relativa. Como biólogo geneticista eu sei isto de longa data e tenho surpreendido pessoas leigas nesta ciência ao lhes dizer isso mesmo...
  

terça-feira, 16 de maio de 2017

OS DERIVADOS... OU WARREN BUFFETT SABE O QUE FAZ, COM CERTEZA.

Um «derivado» é um activo com preço dependente ou derivado de um ou mais bens subjacentes. O derivado propriamente é um contrato entre duas ou mais partes baseado nesse bem ou grupo de activos. O seu valor é determinado pelas flutuações do activo, que pode ser acções, obrigações, matérias primas, divisas, taxas de juro ou índices de mercados. Quem negoceia derivados está essencialmente a efectuar uma espécie de jogo de apostas legalizado. Muitos nomes sonantes dos meios financeiros têm dado avisos sobre a possibilidade potencialmente destrutiva deste tipo de instrumentos, no longo prazo.
Numa carta escrita aos detentores de participações do fundo Berkshire Hathaway, em 2003, Warren Buffett chegou a referir os derivados como «instrumentos financeiros de destruição maciça»…

O «génio» saído da garrafa irá com certeza multiplicar-se e expandir-se até que um acontecimento torne a sua toxicidade evidente. Não foi encontrado, quer pelos bancos centrais, quer pelos governos, meio de controlar ou mesmo de monitorizar os riscos que colocam estes contratos.  Penso que os derivados são instrumentos financeiros de destruição maciça, portadores de perigos que, embora latentes agora, são potencialmente letais.

Warren Buffett tinha razão – sabia do que estava a falar – e claro que hoje a bolha dos derivados é muito maior do que na altura em que lançou o aviso.
Com efeito, considera-se que exista um total superior a 500 triliões de dólares envolvidos em derivados, neste momento.
Os efeitos em cadeia de um não pagamento (um «default») num sector qualquer, mesmo algo muito pequeno em comparação com a economia global, serão potenciados por esta incrível alavancagem.
Por isso, faz todo o sentido que grandes investidores, como Buffett, se posicionem em função da inevitabilidade do grande «crash».
De acordo com o perito financeiro Jim Rickards, a companhia de Buffett, Berkshire Hathaway, acumulou uma pilha de 86 biliões de dólares em «cash» (dinheiro liquido) porque prevê uma acentuada diminuição do mercado de acções.
Este facto, a acumulação de cash por Buffett, é o contrário duma indicação de alta dos mercados: este comportamento só tem explicação como preparação para um crash dos mercados financeiros. Quando o crash tiver ocorrido, Buffett poderá deambular pelos destroços e comprar as companhias por um preço muito inferior ao seu valor real.

Warren Buffett não se tornou um dos homens mais ricos do mundo… sendo estúpido. Ele sabe como os valores das acções estão ridiculamente sobrevalorizados neste momento e está preparado para agir quando o pêndulo se deslocar para o outro extremo.
Os mercados financeiros continuam a flutuar num mundo irreal, completamente desconectado da economia real que - pesem embora as estatísticas falseadas e os cantos de sereia da media ao serviço dos grandes interesses - dá sinais inequívocos. Desde os EUA à China, passando pela Europa e mesmo nas economias emergentes, não se pode dizer que houve verdadeira recuperação da crise de 2008, em termos de economia real.
Mesmo um Warren Buffett está claramente preparado para enfrentar a crise vindoura.

É bastante trágico que o comum dos mortais, que vão sofrer na pele o pior dessa crise, não estejam conscientes dela e não se preparem, como se fossem um povo de cegos e surdos…

domingo, 14 de maio de 2017

CIBERATAQUE A NÍVEL MUNDIAL EXPÕE A FRAGILIDADE DOS SISTEMAS INFORMÁTICOS


No Sábado 13 de Maio 2017 um ataque de vírus informático, cujo modo de operar se baseava na tecnologia de intrusão e espionagem das redes informáticas desenvolvida pela NSA (National Security Agency, USA), infectou em simultâneo um grande número de redes informáticas, principalmente as de grandes serviços públicos, como o Serviço Nacional de Saúde britânico, ou a empresa de telecomunicações espanhola Telefónica. 
Os piratas informáticos encriptavam ficheiros dos computadores, sequestrando a informação, com a ameaça de a destruir, caso não fosse pago resgate de 300 $ por cada computador, que teriam de ser pagos em bitcoin. 
Caso as vítimas não pagassem, iriam sofrer a destruição irreversível dos referidos ficheiros.
Para quem está interessado nos pormenores da notícia, deixo aqui um relato bastante completo dos factos - entretanto apurados -  24h depois
É natural que vários aspectos sejam revistos e novos dados venham a acrescentar-se no decurso dos próximos dias.

Há vários aspectos preocupantes nesta história, que me motivam a escrever este artigo no meu blog:
  • o facto de que há demasiados sistemas informáticos, desde Universidades a Serviços Públicos,  em todo o mundo, que não mantinham os seus sistemas informáticos actualizados em relação a vírus
  • a facilidade com a qual instrumentos de espionagem desenvolvidos pela NSA passam para o domínio do cibercrime
  • a possibilidade deste tipo de vírus ser usado repetidas vezes, apenas modificando alguns pormenores do modelo original, para ultrapassar as barreiras antivirus informáticos, entretanto erguidas.
  • a existência de redes de criminosos, algumas em zonas russofónicas (Rússia, Ucrânia…), segundo o referido artigo, que se têm especializado em obter rendimentos desta maneira, capturando computadores e ameaçando destruir os dados a não ser que seja pago um tributo.
  •  a utilização do bitcoin para realizar a entrega do dinheiro; com efeito, este dinheiro virtual tem tido imenso sucesso.
  •  o bitcoin , estará – a partir de agora – mais sujeito ainda ao ataque por parte de todos os sectores da área globalista, com destaque para os Estados, os bancos centrais e grande banca. Não me admirava que se desenvolvessem tentativas de abolir o bitcoin e outras moedas encriptadas  («criptocurrencies»). Penso que tal tentativa apenas iria permitir que estas se tornassem um pesadelo ainda maior, enquanto divisas, em exclusivo, da «dark net».


 Como eu tinha já reflectido, em artigo anterior, a ciberguerra já está aí. Muitos actos de pirataria informática, podem ser obra de Estados, de agências de espionagem: por exemplo, está provado que a NSA foi, neste caso, a fornecedora dos instrumentos de sua invenção para este ataque.

Estamos perante uma autêntica caixa de pandora! Embora já se tivesse a noção disso nos círculos de segurança dos Estados e das grandes firmas, agora as coisas vão acelerar-se. 
Como tinha referido em Novembro passado, a principal vítima será sempre a população indefesa, seja qual for a origem e motivação dos ataques.
Segundo as últimas informações, 200 mil computadores já terão sido afectados.


sexta-feira, 12 de maio de 2017

PADRE MARIO DE OLIVEIRA - ENTREVISTA


DIXIT DOMINUS (RV 594) DE VIVALDI



Vivaldi foi e é um grande músico injustiçado. 
A sua fama, junto do grande público, resume-se apenas às «Quatro Estações» que, de tanto interpretadas e gravadas, perderam todo o impacto no auditor; um efeito de saturação. 
Pelo contrário, a sua música sacra, assim como um grande número de árias de ópera, são de uma beleza inultrapassável mas, lamentavelmente, até há poucos anos, raramente ouvidas em concertos ou gravadas em disco*

O «Dixit Dominus» é um salmo tradicionalmente usado no ofício de Vésperas, mas também na cerimónia de ordenação de um sacerdote (tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedech**), na Igreja Católica

Esta versão, com a sua longa introdução «Cantat in Prato» é muito bela. Tem a pompa toda associada ao rito católico. 

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* Esta gravação, dirigida por Angelo Ephrikian, é estreia mundial, datada de 1967.

** Thou art a priest for ever after the order of Melchizedek


quinta-feira, 11 de maio de 2017

PORQUE AS PROPINAS DO ENSINO SUPERIOR SUBIRAM MUITO ACIMA DA INFLAÇÃO?



A mecânica oculta existe tanto nos EUA como em várias partes da Europa. O video é a gravação de um diálogo entre Gordon T. Long e Charles Hugh SmithÉ um pouco longo, mas tem tanta informação de qualidade que não hesitei em proporcionar aos meus leitores.

Oiçam cuidadosamente, de certeza que vos diz respeito, aos vossos filhos, à sociedade que está sendo construída. 

A educação superior e os títulos que dispensa tornou-se numa espécie de «titularidade» nobiliárquica ou algo assim. Mas isso não é - de facto - o fim pelo qual existem estas instituições: algo que não preenche o fim para o qual é reconhecido pela sociedade, não deveria ser desmascarado?

quarta-feira, 10 de maio de 2017

OS NEOCONSERVADORES E O GLOBALISMO

                                   https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/77/Machiavelli_Principe_Cover_Page.jpg



A história dos neocons escrita por Paul Fitzgerald e Elizabeth Gould é um manancial de informações valiosas sobre o chamado Estado profundo, nos EUA. Esta história explica-nos como é que um pequeno número de trotsquistas se converteu em servidor da máquina de guerra, que foi - desde o início da Guerra Fria - a propaganda do chamado «Mundo Livre» e o importante empenhamento de todas as estruturas civis e militares do Estado americano, em sucessivas etapas, até hoje em dia. 
Não se pode compreender muitas das escolhas políticas dos últimos tempos, sem ter em conta a influência das doutrinas «neocon» sobre os decisores políticos americanos.
Os quatro artigos começam com o passado recente, nomeadamente, a quase surreal campanha anti-russa, durante a campanha presidencial que levaria à eleição de Donald Trump e a continuação obstinada da mesma, até hoje.

Talvez a demissão supresa do chefe do FBI, Comey, possa ter algo a ver com isso.
Apesar de tantos nomes que surgem associados à corrente designada por «neoconservatismo», os autores dão um papel especial a James Burnham. Pessoalmente, não sabia nada sobre esta eminência parda antes de ler este artigo. Mesmo nos EUA, talvez só um punhado de pessoas saberá identificar Burnham como um dos principais «neocons».


O pensamento político e filosófico dos neoconservadores é maquiavélico, anti-democrático, despreza totalmente valores e os direitos humanos. 
O seu objectivo é apenas o poder (neste caso, o poder do Império do capitalismo corporatista), sendo «boas» quaisquer medidas que o aumentam. 
A Europa está claramente destinada a ser vassalizada, como tem sido aliás, de acordo com o credo «neocon». 
Ao fim e ao cabo, trata-se de um pensamento totalitário, mesmo que não proponha a eliminação pura e simples de qualquer liberdade de expressão ou de organização independente. 

Este globalismo agressivo e elitista tem em conta as lições de Bernays e joga com o «soft power», ou seja, uma penetração cultural através da qual leva as pessoas a adoptarem valores e juízos de valor bem definidos, mas sem dar a impressão de estar a fazer «lavagem ao cérebro».